Veja o que escreveu a jornalista Luciane Rosas sobre o livro Meu Nome É Jorge
Foto: Gesiele Mocelin Silvério
Ensaio sobre a cegueira
“Eu sinto que existo para uns, e para outros, não. Há também aqueles que me veem, mas o que lhes provoco é um grande mal-estar”.
Li o livro “Meu nome é Jorge” de Jorge Luiz Martins, e essa frase ficou insistentemente na minha cabeça. O ex-morador de rua conseguiu mudar de vida, e escreveu a sua história. Obra fácil de ser lida, mas não tão fácil de ser digerida. Sabendo que a história aconteceu realmente, me peguei por diversas vezes, pensando o que poderia ter sido diferente. Muitas vezes criticando atitudes tomadas pelo próprio autor, ou por aqueles que ‘conviveram’ com ele, nas várias épocas de sua vida. Uma obra realmente envolvente. Difícil ficar alheio.
Voltando a frase, acho (beirando a certeza) que ficou na minha cabeça, pois muitas vezes eu mesma fingi não ver tantas realidades... Pode ser que o medo impere em vários dos casos. Mas até quando vamos fingir que esta realidade das ruas não existe? Lembro que em meu trabalho como repórter de um jornal da cidade, procurei a Prefeitura para saber se havia números de moradores de rua. A resposta me chamou muita atenção. Na época “não havia” morador de rua em Ponta Grossa. Pelo jeito, não somos somente nós que mascaramos a realidade... Alguns devem ter lido e pensado NÓS? Eu não... Eu enxergo a realidade...Enxerga? E o que você faz para mudá-la? Aposto que são muito poucas as pessoas que conseguem enxergar sem que lhes provoque “um grande mal-estar”
Felizmente, Jorge foi enxergado. O otimismo, nem na pior das situações que relatou – foi deixado de lado. Motivo este que fez com que alguns o enxergasse com bons olhos. Um sorriso no rosto e uma extrema vontade de deixar as ruas. Está difícil? Os convido a ler esta história. Para aqueles que costumam devorar livros como eu, bastam duas horinhas... #acheinoPegaí!
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